terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Campanha contra João Henrique mobiliza usuários das redes sociais

Karina Brasil, do A TARDE On Line
Contas recusadas, salários de funcionários e terceirizados atrasados, aumento no preço do transporte público, além de diversos outros problemas vêm sendo constantes na gestão do prefeito de Salvador. João Henrique Carneiro também perdeu o apoio e foi desligado da legenda do PMDB. Toda esta crise garantiu ao gestor, em 2010, o título de segundo pior prefeito entre oito capitais pesquisadas, ficando à frente apenas da prefeita de Fortaleza, Luziane Lins (PT). De acordo com o Instituto Datafolha, a administração foi considerada ruim ou péssima por 45% dos soteropolitanos, atingindo o recorde de avaliação negativa.
O descontentamento com a gestão do atual prefeito chegou também às redes sociais. Em duas das maiores redes de relacionamento do mundo, Orkut e Facebook, existem comunidades pedindo a saída de João Henrique da prefeitura de Salvador. A comunidade do Orkut “Impeachment João Henrique”, criada em 31 de Janeiro de 2010, pela Associação de Grêmios e Estudantes Secundaristas (AGES), possui 612 membros até a tarde desta segunda, 31. Já o grupo do Facebook, “Fora João Henrique!”, criado em agosto, reúne 491 membros. No Twitter também, posts versam sobre a vontade dos soteropolitanos de que o prefeito deixe a gestão da capital.
Moderador da comunidade hospedada no Orkut, o estudante de Análise de Sistemas José Júnior Fernandes, de 20 anos, comenta que a ideia de criar a comunidade surgiu a partir dos escândalos na administração da cidade. “Me juntei com os colegas no ano passado ao ver as besteiras do prefeito e principalmente o aumento do buzu (gíria em Salvador para ônibus)”, diz José.
A revolta dos estudantes com a administração de João Henrique se intensificou após o anúncio do aumento do transporte coletivo de R$2,30 para R$2,50. A partir disso, diversas manifestações passaram a ocorrer em diferentes pontos da cidade, reivindicando além de redução no valor da passagem, melhorias no transporte público e também o afastamento do prefeito. Questionado sobre a confiança num possível impeachment do prefeito, José comenta: “Particularmente, não acredito na justiça brasileira, mais temos que lutar mesmo que a esperança seja pouca”.
Administradora do Grupo Fora João Henrique!, do Facebook, a pesquisadora em internet e professora de Jornalismo Tatiana Lima comenta que a ideia de criar o grupo surgiu diante da chateação com o descaso da prefeitura e revolta com os diversos escândalos, como o da Transcom. “Estava incomodada com a situação, já tinha efetuado 36 queixas na SUCOM contra a poluição sonora em minha rua e nenhuma providência foi tomada”, diz Tatiana.
A administradora do grupo considera que as redes sociais fazem a diferença e servem para mobilizar as pessoas e pressionar o poder público. “Acredito que a mobilização é um reflexo de toda a sociedade e da opinião pública. Quando as pessoas começam a se mobilizar, é evidente que há um descontentamento e que as pessoas estão abertas a mudanças. E eles têm que levar isso em consideração”, comenta.
Mesmo acreditando no impacto que isso representa, Tatiana enfatiza que ainda há muito para ser feito. “Eu acho que a população é muito passiva, algumas pessoas ainda ficam chocadas com quem crítica o prefeito, ainda há pouca consciência e mobilização”.
Abandono - Para o cientista político e professor da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA, Jorge Almeida, a mobilização e impopularidade de João Henrique é reflexo da gestão deficiente e precária. “A cidade está abandonada, trânsito, lixo, falta de pagamento, greves constantes e um progressivo processo de contradição de João Henrique com outros partidos vêm piorando a imagem dele, que já estava critica, mesmo antes da sua reeleição”. Almeida também ressalta que há um problema político, não só de gestão, que gera todo esse desastre.
De acordo com o Secretário de Comunicação da Prefeitura, Diogo Tavares, a atual impopularidade do prefeito nas redes sociais se deve a três fatores: “A antecipação da campanha para 2012, já que a internet é um meio onde não há controle e de baixo custo; o fato de a rede ser mais aberta a críticas do que a elogios, por possuir certo caráter de irreverência; e ao próprio perfil do eleitor do prefeito, que é um público das classes C e D que não está totalmente inserido nas redes”, explica Diogo.
Como forma de minimizar a imagem negativa da prefeitura nas redes e na internet, Tavares informa que a Secretária vem utilizando o espaço para divulgar as ações da prefeitura. “Utilizamos o Twitter da SECOM (Secretária de Comunicação) e o nosso portal para divulgar os serviços prestados pela prefeitura e também o atendimento ao cidadão”, comenta Tavares.
No entanto, a reportagem constatou que o blog de João Henrique, www.blogajoao.com.br, não é atualizado desde 6 de dezembro passado.

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